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sexta-feira, 7 de março de 2014

Morro do Canal - Piraquara - Paraná

Morro do Canal: exuberante ecótono entre a Floresta Ombrófila Mista e a Floresta Ombrófila Densa

       O Morro do Canal localiza-se no município de Piraquara, Região Metropolitana de Curitiba. O morro representa a última elevação do espigão que forma na ponta oposta, o Morro do Marumbi, sendo este situado no município de Morretes. O Morro do Canal apresenta cerca de 1.396 metros de altitude e suas trilhas são de fácil acesso.
            A região apresenta extrema relevância ambiental, uma vez que trata-se de uma vasta área utilizada como manancial de abastecimento hídrico para Curitiba e parte da Região Metropolitana. Conhecido como Mananciais da Serra, este complexo de rios e represas pertencem ao sistema hidrográfico do Alto Iguaçu que se inicia nos contrafortes ocidentais da Serra do Mar. Na região, destacam-se as represas de abastecimento da SANEPAR (Companhia de Saneamento do Paraná), em especial as represas Piraquara I e Piraquara II, além da bela represa do Cayuguava, como demonstram as fotografias abaixo.



        A região se insere sob os domínios do bioma da Mata Atlântica e representa um importante remanescente deste bioma na região. Na área é notável a presença da zona de tensão ecológica ou ecótono entre a Floresta Ombrófila Mista e a Floresta Ombrófila Densa, denotando uma riqueza florística e faunística significativa, com destaque para a araucária, bromélias, orquídeas, cedros, entre outras. 








         A subida oferece uma diversidade de paisagens de rara beleza que podem ser observadas por todo o percurso da trilha, com destaque para a Serra da Baitaca, a região dos Mananciais da Serra e parte da porção litorânea que se localiza nos contrafortes orientais da Serra do Mar. As janelas observadas ao longo da trilha estimulam uma percepção ambiental permeada pelo visual composto pelo dossel formado pelas copas das árvores, pelos odores da floresta e pelos suaves ruídos produzidos pelo vento e pelo canto dos pássaros, em especial o canto da araponga (Procnias nudicollis), que preenche o ambiente com o seu canto semelhante ao bater de um martelo numa bigorna.

Araponga (Procnias nudicollis)




                                                     Vista da Serra da Baitaca (fotos acima)

Morro do Vigia, observado a partir da trilha do Morro do Canal






Vista a partir do topo do Morro do Canal (fotos acima)

Vista de um capão de araucárias e de uma área de reflorestamento de pínus na base do morro






Vista das represas Piraquara I e II







          Abaixo, são apresentados dois vídeos na perspectiva de dar dinamicidade ao ambiente.





       Para finalizar, não poderia deixar de destacar a presença de meu grande amigo Valdir Volochen em mais uma empreitada na Serra do Mar procurando restaurar os efeitos nocivos da carreira docente.

Eu, Fernando Bonato

Meu grande amigo Valdir Volochen

terça-feira, 4 de março de 2014

Buraco do Padre: paisagem excepcional dos Campos Gerais

Paisagem excepcional dos Campos Gerais: entre a pressão ambiental e a necessidade de conservação
       
       O Buraco do Padre situa-se na região de Itaiacoca, distrito do município de Ponta Grossa, estado do Paraná. O acesso se dá pela Rodovia do Talco, cerca de 16 quilômetros após o Campus Uvaranas da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Após percorrer o trecho da Rodovia do Talco, é necessário percorrer ainda cerca de 6 quilômetros de uma estrada de chão. 
      O local está inserido numa região fitogeográfica conhecida como Campos Gerais, localizada à oeste da Escarpa Devoniana, a região é repleta de campos limpos, matas de galeria ao longo da rede de macrodrenagem e capões de mata representativos da Floresta Ombrófila Mista, destacando-se neste ambiente, a Araucária angustifólia, conhecida também como Pinheiro do Paraná ou simplesmente Araucária.
     A região encontra-se sob uma constante pressão ambiental diante do avanço da agricultura monocultora empresarial e da silvicultura, em especial, os reflorestamentos de Pinus elliottii. Quando não manejada adequadamente, esta espécie representa uma verdadeira praga, considerando que a sua disseminação se dá pelo vento e apresenta forte adaptabilidade à diversos ambientes. As áreas de reflorestamentos são chamadas de "desertos verdes", uma vez que são plantios homogêneos, lineares e de rápido crescimento. Destacando-se na paisagem, estas áreas de reflorestamentos desencadeiam diversos impactos no ambiente, evidenciando-se a acidificação dos solos e o extermínio das plantas nativas, bem como a perda de fauna. 

Escarpa Devoniana, limite geomorfológico entre o Primeiro Planalto (região de Curitiba) e o Segundo Planalto (região de Ponta Grossa ou dos Campos Gerais)

Canal fluvial desprovido da mata de galeria, destacando a presença do Pinus elliottii disseminados pelo vento



Remanescentes de Floresta Ombrófila Mista entremeados por áreas agrícolas

Vista do Parque Estadual Vila Velha a partir da rodovia BR 376, sentido Ponta Grossa, o parque localiza-se próximo do Buraco do Padre

        A vegetação do entorno do Buraco do Padre encontra-se num grau avançado de degradação e apresenta diversas causas, tais como: a área é particular e carece de infraestrutura adequada aos visitantes como guias e lixeiras para a deposição dos resíduos sólidos; as trilhas não são sinalizadas, sendo o acesso às áreas frágeis facilitado e não controlado; a agricultura e a silvicultura praticadas no entorno imediato ao local; queimadas provocadas por visitantes desprovidos de percepção ambiental; não existe um plano de manejo da área que determinaria a capacidade de carga do ambiente; entre outras situações.

 Vegetação nas proximidades do Buraco do Padre. Destaca-se o avançado grau de degradação da vegetação em estágio inicial de regeneração


 Relevo ruiniforme evoluído a partir do arenito submetido à ação química e física da água
Parte de cima do Buraco do Padre com destaque para o relevo ruiniforme

Áreas de reflorestamento no entorno do Buraco do Padre

Vista da parte superior do Buraco Padre (depressão no centro da foto)

          Apesar dos problemas ambientais descritos acima, destaca-se a relevância ambiental da área com destaque para os seus aspectos pitorescos. O local é composto por uma furna, que trata-se de um abatimento de superfície provocado pela dissolução química e escavação mecânica provocada pelas águas subterrâneas no arenito. A furna apresenta uma cachoeira com cerca de 30 metros no seu interior, sendo que o acesso se dá pela parte inferior do ambiente. Pelo local, escoa o rio Quebra Perna, que ao longo do tempo geológico vem escavando e marcando a evolução do local.

Acesso à furna através da parte inferior

Alunos do Ensino Médio do Colégio Energia Ativa visitando o local através de uma aula de campo

Teto da furna


Cachoeira situada na parte interna da furna



Imponência e grandeza do ambiente

Camadas sedimentares na entrada da furna

Vista do interior do ambiente com destaque para a queda de blocos das paredes da furna

Abaixo, apresenta-se alguns vídeos do local. Sons e imagens enchem de vida o ambiente e determinam a sua fluidez.









Queda d'água do rio Quebra Perna na parte superior da furna


Vista da cachoeira a partir da parte superior da furna







Aspectos do relevo ruiniforme evoluídos a partir da ação química e física da água (fotos acima)

         Para finalizar a breve descrição do local, destaca-se a riqueza dos pequenos detalhes das plantas, disponíveis apenas para os olhos atentos do observador.

Cactácea




Exemplares de plantas dos Campos Gerais (fotos acima)

Cactácea rupestre inserida no relevo ruiniforme



          O Buraco do Padre faz parte do conjunto das visitas técnicas promovidas na disciplina de Geografia do Colégio Energia Ativa, situado em Curitiba, onde procura-se aplicar a abordagem sistêmica no trato das questões ambientais, sendo estas inseridas na relação complexa entre sociedade e natureza. O local também já foi visitado em aulas de campo com alunos do Curso de Gestão Ambiental da Faculdade Educacional Araucária. 



Alunos do Ensino Médio do Colégio Energia Ativa e nosso motorista, o querido Tio Luís

Alunos do Ensino Médio do Colégio Energia Ativa

Eu, Professor Fernando Bonato

     Diante do exposto acima e diante da relevância ambiental da área, é plausível destacarmos a necessidade de transformação do local em uma Unidade de Conservação controlada pelo Poder Público, considerando que o ambiente está sofrendo forte pressão ambiental e aparentemente encontra-se "abandonado" pelos seus proprietários. É urgente a elaboração de um Plano de Manejo para o local, onde será possível harmonizar a necessidade da conservação e da preservação ambiental com a visitação in loco de diversos públicos dotados de diferentes perfis.