Ascensão
ao Pico Araçatuba – Tijucas do Sul, Paraná
No
dia 26 de dezembro de 2019, após um cansativo ano letivo, Eu e meu grande amigo Harley, combinamos de subir o
Pico Araçatuba, situado no município de Tijucas do Sul, Paraná. A palavra Araçatuba vem do indígena que significa local onde crescem araçás. Situado na
porção mais ao sul da Serra do Mar paranaense, o Pico Araçatuba apresenta 1.673
metros de altitude em seu ponto culminante e 912 metros de altitude na sua base, resultando uma amplitude altimétrica de 761 metros distribuída em
cerca de 3,5 km de trilha.
Deixamos o carro no sítio da Dona Feliciana, uma senhora muito simpática e atenta à dinâmica ambiental dada a nossa rápida conversa a respeito do baixo volume de chuvas que está ocorrendo na região. Fiquei impressionado com o seu elevado grau de conhecimento empírico.
Apesar
de ser uma trilha curta, a mesma pode ser classificada como de dificuldade
moderada, levando-se em consideração o desgaste físico devido a presença de encostas íngremes, a exposição ao Sol e os diversos
patamares que escondem o cume principal ao longo de toda a trilha. Somando-se à
dificuldade técnica, o Sol flamejante é um dos adversários para todo o
visitante, por isso a importância da proteção solar, salientando que existe
cobertura vegetal arbórea apenas no início da trilha.
Considerado
o ponto de maior altitude da porção sul da Serra do Mar em território
paranaense, o Pico Araçatuba é considerada a elevação mais fria do Estado do
Paraná, sobretudo quando há a incursão das fortes massas de ar polar que
adentram a região pelo quadrante sul no período de inverno. Sua cobertura vegetal predomina campos de
altitude com presença de bromeliáceas e outras espécies afins deste tipo de
ambiente, fortemente fustigado por ventos intensos e baixas temperaturas no
inverno. Também é nítida a presença de espécies invasoras tais como o pinus e o
eucalipto, muito provavelmente disseminadas a partir de áreas de
reflorestamento observadas na base da elevação.
Apesar
da presença predominante dos campos de altitude, nota-se na base da elevação um
processo ainda incipiente de regeneração natural da vegetação caracterizando-se como vegetação secundária, muito embora
seja muito perceptível o processo de perturbação ambiental provocado pela
pecuária extensiva, dada a curiosa presença de bovinos em altitudes elevadas e
vertentes íngremes.
Apesar
de estarmos sem condicionamento físico, alcançamos o cume em três horas de
caminhada, já considerando os diversos momentos que paramos para discutirmos
assuntos diversos ligados à nossa profissão de educadores ou para as longas
discussões acerca do contexto político, social e econômico pelo qual passa o
nosso país.
No
topo observam-se diversos aspectos importantes da paisagem, tais como a Represa do
Voçoroca, o Morro dos Perdidos, a Pedra Branca do Araraquara, a Baía de
Guaratuba, o município de Garuva e um "rabicho" da Baía da Babitonga que banha a região de
Joinville, litoral norte do Estado de Santa Catarina. Ao fundo, observando a
paisagem na direção sudeste, destacam-se os Campos do Quiriri, região que já se
encontra no nosso planejamento de visita futura.
Vista do Pico Araçatuba a partir da estrada principal do Bairro Matulão, Tijucas do Sul
Sítio da simpática Dona Feliciana
Croqui da trilha
Início da trilha com a presença de uma incipiente cobertura vegetal de porte arbóreo em processo de regeneração natural (imagem acima e imagens abaixo)
Atividade agrícola: parte do cinturão verde que circunda Curitiba
Meu grande amigo Harley
Vista distante do cume que insiste em se esconder ao longo da trilha
A delicada flora local
A presença invasora do pinus
Remanescentes arbóreos nas áreas onde a cobertura pedológica é mais espessa (acima e abaixo)
Sinalização da trilha: importante em momentos de neblina intensa
Tronco remanescente da vegetação de clímax outrora existente
Diversos cumes na área do topo
Registro de cume
Paisagem magnífica que se descortina a partir do topo
Notável espécie de anfíbio: curiosamente estava totalmente exposto na rocha (espécie não identificada)
Um forte abraço!
Prof. Fernando Bonato