Visita Técnica ao Litoral do Estado do Paraná: análise de problemáticas ambientais
Dando continuidade no trabalho de divulgar
momentos da vida acadêmica com o objetivo de construir uma memória pedagógica,
tecerei aqui sobre a visita técnica realizada em 20 de outubro de 2006, no
âmbito do Curso de Especialização em Análise Ambiental pela UFPR. Participaram
desta visita diversos professores com destaque para o Prof. Everton Passos,
profundo conhecedor da geomorfologia paranaense.
O roteiro da visita partiu do Centro
Politécnico da UFPR e seguiu em direção à Estrada da Graciosa, primeira estrada
paranaense inaugurada no final do século XIX e importante via turística do
Estado do Paraná. Ao longo da Estrada da Graciosa foram realizadas algumas
paradas com o objetivo de avaliar os aspectos geológico-geomorfológicos da
Serra do Mar e sua interface entre o Primeiro Planalto e a Planície Litorânea.
Também analisou-se os aspectos da vegetação e seus estratos altitudinais e o
ecótono entre a Floresta Ombrófila Mista e a Floresta Ombrófila Densa. Sobre a vegetação, destacou-se a função que esta cobertura exerce na proteção das vertentes, dada a proteção oferecida pelo dossel das copas contra o impacto das gotas da chuva, a proteção oferecida pela serrapilheira na absorção do excesso da água de superfície e o efeito protetivo do sistema radicular que ancora e fixa os frágeis solos da Serra do Mar.
No Recanto Mãe Catira aproveitou-se as
margens do Rio São João para analisarmos os aspectos da geomorfologia fluvial no processo de degradação (erosão), transporte e agradação (sedimentação), com destaque para os processos fluviais (suspensão, saltação, rolamento e solução).
Em seguida, partiu-se para o município de
Antonina e Morretes para degustarmos a rica culinária do litoral do Estado e
apreciar a cidade de Morretes, que em minha opinião, trata-se de uma das cidades mais
charmosas do Paraná.
O retorno para Curitiba se deu via BR-277, onde aproveitamos para analisar as problemáticas ambientais que envolvem esta
rodovia e seu entorno, salientando a vulnerabilidade estabelecida pela
inclinação das vertentes diante dos episódios críticos de precipitação, eventos
muito comuns na Serra do Mar dada a ocorrência de chuvas orográficas.
Por fim, gostaria de deixar aqui o registro
do profundo conhecimento do Prof. Everton Passos em Geomorfologia, conhecimento
que eu e o amigo Valdir Volochen tivemos a oportunidade de explorar no primeiro
semestre de 2011, quando realizamos a disciplina isolada de Geomorfologia
Ambiental no âmbito do Programa de Mestrado em Geografia da UFPR.
Curitiba, 11 de outubro de 2017.
Elevado grau de epifitismo
Epifitismo sobre Araucária plantada
Bromélia
Condensação de umidade a aproximadamente 1.200 m.s.n.m., condição para chuvas orográficas
Embaúba, muito comum em áreas que sofreram degradação
Rio São João e sua geomorfologia fluvial
Recanto Mãe Catira
Final da Estrada da Graciosa
Guapuruvu, muito comum na Planície Litorânea
Rio São João reduzindo seu potencial erosivo à medida que avança na Planície Litorânea
Baía de Antonina
Painel informativo sobre a gênese da Serra do Mar em Morretes e detalhes (abaixo)
Rio Nhundiaquara em Morretes
Bromélia florida às margens do Rio Nhundiaquara
Aspectos florísticos e dinâmica das vertentes (abaixo) ao longo da BR-277
Material resultante de movimento de massa
Muro de contenção de encosta atirantado
Obras de recuperação de talude movimentado às margens da BR-277
Grande abraço!
Prof. Fernando Bonato
"Evidentemente, para os que não têm consciência do significado das heranças paisagísticas e ecológicas, os esforços dos cientistas que pretendem responsabilizar todos e cada um pela boa conservação e pelo uso racional da paisagem e dos recursos da natureza somente podem ser tomados como motivo de irritação, quando não de ameaça, a curto prazo, à economicidade das forças de produção econômica."
Aziz Ab' Sáber
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