Ascensão ao Morro Torre Amarela
No dia 24 de
janeiro de 2018, Eu e o meu grande amigo Valdir Volochen, realizamos uma leve
caminhada ao topo do Morro Torre Amarela, situado na Serra do Mar Paranaense,
município de Piraquara. O Morro Torre Amarela, com aproximadamente 1.289
m.s.n.m. (metros sobre o nível do mar), faz parte de uma trilha bem famosa na Serra do Mar: a travessia entre
Torre Amarela, Vigia e Canal.
Foi
utilizado o termo leve, pois trata-se de uma caminhada bem tranquila à qual
tínhamos o objetivo de bater papo e preparar a mente para o ano letivo que se
inicia.
O
Torre Amarela e outras elevações que se apresentam nesta região e que fazem
parte da linha de cumeadas que se inicia no Morro do Canal e termina no Pico
Marumbi em Morretes, proporciona um esplêndido visual com destaque para as
represas de manancial Piraquara I, Piraquara II e Caiguava, todas abastecem parte
de Curitiba e Região Metropolitana. Também é excepcional a paisagem que se descortina de alguns
conjuntos montanhosos que compõem a Serra do Mar, como a Serra da Baitaca, Serra
da Farinha Seca, Serra da Graciosa, Serra do Ibitiraquire e do próprio conjunto
onde se localiza o Torre Amarela.
A
trilha do Torre Amarela apresenta em determinados pontos, amontoados de matacões
colonizados por muitas espécies vegetais e drenagem subsuperficial, promovendo
em algumas situações verdadeiros sumidouros de córregos superficiais. Trata-se
de uma evidência importante que ajuda a explicar a gênese e evolução da Serra
do Mar.
Para
MAACK (1947), citado por RODERJAN (1994), a existência de grandes blocos e
seixos nos sopés da Serra do Mar é consequência de um desgaste ou aplainamento
de suas porções superiores em função da rigidez das condições climáticas
semiáridas ocorridas em uma época do Quaternário. Complementando, AB’SÁBER (1992),
citado por RODERJAN (1994), as consequências paleoclimáticas do último período
glacial do Pleistoceno Terminal, que se estendeu entre 24.000 e 13.000 anos AP
(Antes do Presente), afirma ter se tratado de uma fase seca em vastos
compartimentos interiores do planalto brasileiro sendo chamada de época das “linhas
de pedra” (“stone lines”) ou período dos “chãos pedregosos”
correspondendo aos amontoados de grandes blocos e seixos referidos por Maack.
Mesmo
não podendo-se afirmar de maneira conclusiva devido à falta de estudos específicos
nesta região, a hipótese dos efeitos de uma erosão diferencial de clima
semiárido originando estes amontoados de blocos, na minha opinião, parece muito
plausível. A existência atual de cobertura vegetal úmida de Floresta Ombrófila
Densa, quase em contato com a Floresta Ombrófila Mista, se deve à última
expansão florestal após o período paleoclimático de semiaridez observado entre
24.000 e 13.000 anos AP. Em diversas publicações do Prof. Carlos Velozo
Roderjan, fica evidente a constatação da recolonização das florestas sobre os
campos relictuais do interior do continente, processo que foi ceifado pela
ganância econômica dos ciclos extrativistas por quais o Estado do Paraná passou
e vem passando em tempos hodiernos.
Imagens do aplicativo Runtastic
Referências Bibliográficas
AB'SABER, A.N. A Serra do Japi, sua origem geomorfológica e a teoria dos refúgios. In: Historia Natural da Serra do Japi. Eds.UNICAMP/FAPESP. Campinas, 1992. p.12-23.
MAACK, R. Breves noticias sobre a geologia dos estados do Paraná e Santa Catarina. Arq. de Biologia e Tecnologia v.II:63-154. Curitiba, 1947.
RODERJAN, C. V. O gradiente da Floresta Ombrófila Densa Altomontana no Morro Anhangava - Quatro Barras - PR. Curitiba, 1994. Tese (Doutorado em Engenharia Florestal) - Setor de Ciências Agrárias, Universidade Federal do Paraná.
Curitiba, 31 de janeiro de 2018.
Um grande abraço!
Prof. Fernando Bonato