Ascensão
ao Morro do Escalvado: para além das praias de Matinhos – Parte I
Após
o término do ano difícil de 2019, ao menos na minha perspectiva, tivemos nossas
merecidas férias em família. Alugamos a casa do meu amigo Rodrigo Martins,
parceiro de regência no colégio, e resolvemos ficar sete dias em Matinhos,
litoral do Paraná. Como somos apaixonados por praias, especialmente nossas
filhas Gabriela e Julia, aproveitamos todo o potencial que esta orla apresenta.
Procurávamos sempre locais diferentes para banho ou passeio, pois entendemos
que uma estadia na praia não se resume apenas a uma âncora que se lança na
praia em frente e que somente é levantada no dia de ir embora.
Seguindo
esta perspectiva de explorar o potencial deste trecho do litoral paranaense,
resolvi no dia 13 de janeiro subir o Morro do Escalvado, procurando demonstrar
que existem paisagens e locais de excepcional beleza nesta orla para além das
praias. Inserido nos domínios do Parque Nacional Saint-Hilaire/Lange, esta
estrutura granítica se eleva 224 metros acima do nível do mar proporcionando um
visual esplêndido do seu cume. A partir do seu topo é possível visualizar da
Praia Mansa de Caiobá, junto ao Morro do Boi, até a orla de Pontal do Paraná,
inclusive a Ilha do Mel em meio à névoa oceânica.
Partindo
de relatos do amigo Luís Alexandre que subiu o morro recentemente e pesquisando
no site do Parque Nacional Saint Hilaire/Lange, descobri que existem duas
trilhas de acesso: uma pela rua Orestes Pechebella e outra pela rua Albano
Muller. Escolhi o acesso pela rua Albano Muller, embora não seja recomendada
pela administração do parque em virtude dos processos erosivos ali instalados.
Até
1995, o Morro do Escalvado era a grande atração turística de Matinhos. Nele
funcionava um teleférico que resultou em janeiro de 1995 num trágico acidente
que matou duas pessoas e feriu outras quatro. Na época ficou constatado que o
acidente ocorreu devido o rompimento de um cabo do teleférico por falta de
manutenção. Após o acidente, o teleférico foi desativado e o Morro do Escalvado
deixou de ser objeto de exploração turística pela prefeitura.
Embora
a trilha apresente processos erosivos e a vegetação de Floresta Ombrófila Densa
esteja bem alterada, o local apresenta forte vocação turística desde que
ocorram obras de contenção da erosão e de revitalização da vegetação, seja pelo
isolamento de áreas para a sucessão natural ou pelo enriquecimento através de
espécies adequadas para catalisar a recuperação natural até o seu clímax.
Dada
as condições que se encontra o Morro do Escalvado nos dias de hoje, percebe-se
mais um exemplo de atrativo que poderia ser explorado se o poder público
respeitasse o seu patrimônio natural e aproveitasse o seu potencial para fins
turísticos. Evidentemente que tal exploração não poderia ocorrer sem a
manutenção da trilha e um plano de manejo que respeitasse a capacidade de
resiliência do ambiente, bem como a capacidade de carga da trilha, condição sine qua non para um turismo
sustentável.
Um grande abraço!
Prof. Fernando Bonato
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