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segunda-feira, 13 de abril de 2020

Saudades do meu céu


Céu Límpido: memórias que somente uma pandemia pode proporcionar
Com a eclosão da pandemia da COVID-19 neste primeiro trimestre de 2020, pandemia que já ceifou a vida de milhares de pessoas pelo mundo e ameaça outras tantas, sobretudo na Europa que se tornou o segundo epicentro depois da China, e nos Estados Unidos, onde a doença parece estar fora de controle e em plena curva ascendente. Os níveis de poluição atmosférica reduziram-se drasticamente com as campanhas de isolamento e distanciamento social, principalmente nos grandes centros urbanos.
Consequência da drástica redução da dinâmica social, milhões de veículos deixaram de circular e algumas indústrias paralisaram ou reduziram as suas atividades. Sendo assim, os dados de concentração de gases poluentes na atmosfera, principalmente o material particulado, demonstram uma grande redução da poluição do ar, conforme se observa nas imagens de satélite abaixo, com destaque para a China. Logo, o céu está mais transparente do que nunca e a natureza como um todo parece estar ressurgindo ou respirando melhor. Somente uma pandemia desta envergadura para paralisar o ritmo frenético que a nossa sociedade vinha desempenhando nos últimos anos.
Interessante destacar que nos últimos dias percebe-se que a cidade apresenta odores mais agradáveis, os barulhos da natureza antes abafados, parecem que ressurgiram do nada. Também é importante destacar o aparecimento de uma espécie de borboleta há muito extinta da região que apenas habitava o meu imaginário de infância: trata-se da lendária borboleta-azul (Myscelia orsis).
Evidentemente que esta pandemia se traduz num grande problema de saúde pública e econômica que afeta a sociedade de modo estrutural. No entanto, ao menos estamos experimentando um novo momento de nossa existência enquanto sociedade, e sem ser egoísta, parece que a natureza está voltando à pulsar como no passado longínquo da minha infância, quando a atmosfera era mais transparente, o coachar dos sapos e a natureza frágil dos pequenos animais, sobretudo as borboletas, eram presentes no nosso cotidiano.
Ainda não sabemos onde esta crise nos levará, mas fica um alerta para o nosso modelo socioeconômico levado à cabo até agora, totalmente desprovido de resiliência ambiental. Precisamos encontrar um novo caminho para a humanidade e nada melhor que uma crise para repensarmos o nosso futuro comum.



Borboleta-azul (Myscelia orsis)









Lá vem a chuva dispersar ainda mais os poluentes

Um grande abraço!
Prof. Fernando Bonato

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