Céu
Límpido: memórias que somente uma pandemia pode proporcionar
Com
a eclosão da pandemia da COVID-19 neste primeiro trimestre de 2020, pandemia
que já ceifou a vida de milhares de pessoas pelo mundo e ameaça outras tantas,
sobretudo na Europa que se tornou o segundo epicentro depois da China, e nos
Estados Unidos, onde a doença parece estar fora de controle e em plena curva
ascendente. Os níveis de poluição atmosférica reduziram-se drasticamente com as
campanhas de isolamento e distanciamento social, principalmente nos grandes
centros urbanos.
Consequência
da drástica redução da dinâmica social, milhões de veículos deixaram de
circular e algumas indústrias paralisaram ou reduziram as suas atividades. Sendo
assim, os dados de concentração de gases poluentes na atmosfera, principalmente
o material particulado, demonstram uma grande redução da poluição do ar,
conforme se observa nas imagens de satélite abaixo, com destaque para a China. Logo, o céu está mais transparente do
que nunca e a natureza como um todo parece estar ressurgindo ou respirando melhor. Somente uma
pandemia desta envergadura para paralisar o ritmo frenético que a nossa
sociedade vinha desempenhando nos últimos anos.
Interessante
destacar que nos últimos dias percebe-se que a cidade apresenta odores mais
agradáveis, os barulhos da natureza antes abafados, parecem que ressurgiram do
nada. Também é importante destacar o aparecimento de uma espécie de borboleta
há muito extinta da região que apenas habitava o meu imaginário de infância: trata-se da
lendária borboleta-azul (Myscelia orsis).
Evidentemente
que esta pandemia se traduz num grande problema de saúde pública e econômica
que afeta a sociedade de modo estrutural. No entanto, ao menos estamos experimentando
um novo momento de nossa existência enquanto sociedade, e sem ser egoísta, parece
que a natureza está voltando à pulsar como no passado longínquo da minha
infância, quando a atmosfera era mais transparente, o coachar dos sapos e a
natureza frágil dos pequenos animais, sobretudo as borboletas, eram presentes
no nosso cotidiano.
Ainda
não sabemos onde esta crise nos levará, mas fica um alerta para o nosso modelo
socioeconômico levado à cabo até agora, totalmente desprovido de resiliência ambiental.
Precisamos encontrar um novo caminho para a humanidade e nada melhor que uma
crise para repensarmos o nosso futuro comum.
Borboleta-azul (Myscelia orsis)
Fonte: http://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/terra-da-gente/fauna/noticia/2014/12/borboleta-azul.html
Lá vem a chuva dispersar ainda mais os poluentes
Um grande abraço!
Prof. Fernando Bonato
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